Há mais radiação no ES que em Tóquio, diz médico
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FABIANO MAISONNAVE
DO ENVIADO A TÓQUIO
Os últimos dias têm sido um teste de frieza para o neurocirurgião paraense George Ito. Pesquisador da prestigiada Universidade Keio, em Tóquio, ele operava um paciente quando houve o terremoto e tsunami. Esperou o tremor passar e retomou a cirurgia. DO ENVIADO A TÓQUIO
Uma semana depois, ele mantém a rotina de trabalho em Tóquio e tenta convencer a alarmada comunidade brasileira de que o risco da radioatividade é mínimo.
"Não tem motivo para pânico, o risco maior já foi", disse Ito, 39. "Mesmo no período mais grave, o risco não era muito alto. E, daqui pra frente, haverá controle total."
Familiar ao tema da radioatividade, dada sua especialidade médica, Ito tem sido bombardeado por e-mails e telefonemas --como voluntário da ONG Disque-Saúde, ele tem um telefone só para atender os conterrâneos.
"A comunidade está em pânico e faz perguntas como que tipo de roupa usar contra a radiação e qual é a chance de Fukushima explodir como a bomba de Hiroshima. É tão sem nexo, parece piada", diz Ito, há nove anos no Japão.
Uma de suas falas preferidas é comparar o nível de radioatividade de Tóquio com o da praia de Guarapari (ES), um dos mais altos do mundo por causa das areias ricas em tório --e, ainda assim, inofensivo para a saúde.
"O raio-X de um dente é 60 microsievert. Em Tóquio, ontem [quinta-feira], a radiação estava em 0,18 por hora. Em Iwaki [30 km da usina de Fukushima], 20. Não posso falar que a radiação é zero. É 0,18 por hora", diz.
O sievert é a unidade que mede a quantidade de radiação absorvida por humanos. A exposição a mais de 100 mil microsieverts por ano pode provocar câncer.
O médico diz que a rede hospitalar de Tóquio sequer tomou uma medida preventiva para tratar casos de contaminação. "A gente não tem absolutamente medo nenhum de que vá acontecer um acidente nuclear lá."
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